quarta-feira, 28 de julho de 2010

Desfigurada


Retrata a história da vida real de uma menina nascida na Arábia Saudita e, que à força e segundo as leis da sociedade do Islão foi literalmente obrigada a se tornar mulher. Lutou contra tudo o que lhe era imposto mas mesmo assim não conseguiu de todo fugir das obrigações de um primeiro casamento negociado, festejado com toda a tradição e riqueza que se impunha e duramente vivido até à altura em que é repudiada pelo marido a devolvida aos pais. Para se ocupar e minimizar a dor da vergonha, decide estudar, com uma filha nos braços e o grande apoio da mãe.

O curso de Radiologia não lhe despertava interesse, mas o convívio com outras alunas e o incontornável desejo de tornar a sociedade do seu país receptiva à aceitação da mulher com algum nivel de emancipação, de deixar de ser vista como uma sombra do pai ou do marido, de ser considerada nula em qualquer função excepto a de esposa e mãe, levou-a a conseguir obter algum êxito. Até que, pela mão de um vizinho e amigo chega a repórter de televisão onde se torna numa estrela na apresentação de um programa popular.

Novo casamento, um marido doentiamente ciumento, e cenas de violência extrema desabam em cima dela. Completamente proíbida de comunicar com alguém, fechada em casa e da profissão que abraçara afastada, certo dia é violentamente espancada e abandonada à porta de um hospital. Ficara desfigurada e a obra de reconstituição da sua face fora longa e dolorosa, mas Rania encheu-se de força e coragem, a sua imagem correu o mundo e auxiliada por pessoas importantes dessa mesma sociedade e outras noutros países, leva para a frente uma dura e longa batalha pela defesa dos direitos das mulheres.

É um excelente livro autobiográfico, dotado de muita coragem e inteligência, com uma mensagem estrondosamente importante e uma grande porta que se abre à alteração das leis fundamentalistas dos países islâmicos.

Não vou deixar aqui nenhum trecho, julgo que este resumo remete bem para o tema em questão e recomendo a leitura deste livro.

Aproveito para deixar aqui uma nota extra. À medida que ia avançando na leitura, vinha-me à ideia tudo o que tenho lido pelos nossos jornais. De há já muito tempo para cá, só se lêem desgraças, maridos que matam mulheres, namorados que matam namoradas e vice versa... violência extrema a que não estávamos habituados na nossa sociedade e, agora parece ser o mais comum... é assunto todos os dias... estas situações estão a tornar-se desmesuradamente constantes e para mim, tal como certamente para todos vós que me lêem, é chocante, monstruoso!

Deixo aqui algumas questões:
- Porquê?

- O que se passa com a nossa sociedade?

- Deixou de existir amor pelo próximo? Ou será o amor próprio que está em decadência?

- Será excesso de notícia que acaba por se transformar em publicidade com preço a pagar por quem não merece?

Podem ler aqui no blog da Cenourita.

2 comentários:

Ana C. Nunes disse...

É verdade que há histórias chocantes no mundo, mas o que estranho é esta enchente de histórias de mulheres dos países árabes que andam a invadir as prateleiras nacionais. Não que seja mau, mas é estranho.

Não acredito que a violência esteja a aumentar assim tanto, a diferença é que agora as vítimas se queixam, coisa que antigamente não faziam. Além de que os jornais agora só publicam notícias chocantes, porque é isso que vende (infelizmente). Há muita coisa boa a acontecer no mundo e eles não noticiam porque não dá dinheiro. Por essas e por outras é que raramente vejo o telejornal ou leio o jornal.

Manu World disse...

pois.....tb concordo com o k foi dito aki....e pegando nas tuas kestões...

eu acho tb k o amor próprio que está em decadência!!

enfim...
beijinhos, lindo blog!
:)
Manu