terça-feira, 29 de setembro de 2009

Bons sonhos, meu amor

O tempo está de loucos... ou melhor, não está... o tempo está propício à estação outonal, eu é que me custa ver o Verão ir embora, pois adoro a praia e as noites amenas.
Neste momento por aqui está a chover - nada de grande chuvada, mas aquela chuva certinha, que já dá para molhar (e eu que deixei a roupa estendida... grrrr).
Curiosamente ontem esteve um belo dia de calor: fiz praia de manhã e de tarde, a temperatura da água do mar estava magnífica e fiquei na praia mesmo até ao final da tarde.
Tanta praia só podia dar numa coisa: mais um livro lido... LOL!
Este é um daqueles livros que me faz chorar facilmente. Confesso que no princípio não lhe estava a achar muita piada, mas passados os 3 ou 4 primeiros capítulos é irresistível. Mais uma vez a autora não me desiludiu...
Aqui fica mais um contributo para a Academia dos Livros.


Só os corajosos se atrevem a amar.
Nova Kumalisi faria qualquer coisa pelo seu melhor amigo. Ela deve-lhe a vida.
Mas o verdadeiro teste à amizade de ambos surge quando ele lhe pede que dê à luz o filho dele.
Apesar de saber que corre o risco de destruir a amizade, Nova aceita.
Oito anos mais tarde, Nova está a criar o filho de Mal sózinha, porque Steph, a mulher dele, mudou de ideias, escassos meses antes de a criança nascer, arruinando a relação entre os dois amigos.
Agora, Leo, o filho de ambos, está gravemente doente.
E Nova quer que Mal o conheça antes que seja tarde demais.
Na tragédia descobrirão, finalmente, o quanto significam um para o outro.


Podem ler aqui no blog da Risonha.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A Bimby na Cozinha Regional Portuguesa

Este é um livro que eu “quase” li… e uma nova contribuição para a Academia dos Livros.

“A Bimby na Cozinha Regional Portuguesa”, edição da Worwerk.
Fiz o download da publicação em PDF (147 páginas - cerca de 33Mb) que começa com uma introdução da directora comercial da Worwerk Portugal, um índice que apresenta 55 receitas e textos do Chef Albano Lorenço e do Rui Falcão. Depois das receitas (e cada receita tem uma proposta de vinho para acompanhar) tem uma ficha técnica que refere que a 1ª edição é de Outubro de 2008 e ainda que é interdita a reprodução de textos e imagens por quaisquer meios. Esta parte não percebi, ou melhor, acho que percebi, porque a edição em papel custava € 30,00 (o que dá cerca de € 0,55 por receita, quase o preço de um café – a mim saiu por menos de um euro, ligação à net, electricidade e uma água incluídas) e ainda tiveram que pagar às pessoas.

Com efeito, quase nada me move contra a “bimby”, tirando (e não é pouco) o facto de reduzir o acto apaixonado de cozinhar a um mero conjunto de “operações” que passam por “ler receitas”, pesar ingredientes, regular o termostato, programar o programa (é mesmo para ser um pleonasmo), rezar para que a máquina (com duplo sentido) não se engane e desfaça a comida, lavar a máquina, lavar a máquina, não lavar a máquina, acabar a comida no forno…

Na verdade, a bimby pode ser um auxiliar interessante na cozinha, mas não é a cozinheira.

Quando li o texto de introdução da Isabel Padinha, retive isto:

“Verificará, com prazer, que pela simplicidade de processos que as novas tecnologias nos oferecem, é fácil recuperar a tradição e trazê-la para a mesa do nosso dia a dia. Sentirá, ao passear por este livro, que a bimby vale a pena e que quem a conhece embarca numa viagem sem retorno.”

Não percebi se o discurso se destina a vender a maquineta, porque se presume que o livro se destina a quem já comprou, mas enfim…

Os textos seguintes, do Albano Lourenço e do Rui Falcão dizem pouco mais que isto:

“Ok, levem lá o texto, ponham os nossos nomes para credibilizar isto e passem o cheque..."

Quanto às receitas, não se pode dizer que tenha havido um trabalho cuidado por parte de quem fez o livro; não se percebe bem porque se escolhe a receita A em detrimento da B. Ainda assim, em relação a algumas receitas, tive o cuidado de as comparar com os “originais” e algumas até convencem.

O que não convence é apresentar o Bacalhau à Zé do Pipo como sendo da Beira Alta, mesmo que se refira em nota que faz parte do Receituário do Porto… Vou ali ao GoogleMaps e já volto, mas antes deixo a receita transcrita, embora seja proibido.






Não será a melhor coisa para cozinhar, mas faz umas t - shirt' s fantásticas...



Podem ler aqui no blog do Cupido.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Não sei nada sobre o amor




Eu não vos disse que, agora que já tenho mais tempo, era devorar livros uns atrás dos outros?
Eu avisei... e cá está mais um que foi acabado de ler no passado Domingo e que quero partilhar convosco e dar de novo o meu contributo para a Academia dos Livros.
Confesso que quando ouvi que a Júlia Pinheiro ia lançar este livro pensei "Mas agora toda a minha gente escreve livros?"
Não estava a ver a Julinha a divagar sobre o amor... mas afinal enganei-me: este livro revelou-se uma agradável surpresa, com uma forma de escrita muito ligeira e de fácil entendimento.


Quando desceu ao riacho, mantilha na cabeça e coração aos pulos, Maria da Glória não sonhava que aquele encontro fortuito com o macho da aldeia iria marcar para sempre a sua vida. Esperava sair dali com namoro anunciado e quem sabe até com casamento marcado. Saiu à pressa, com a roupa ensaguentada, as entranhas viradas e a semente de Maria da Purificação na barriga. Estava lançado o destino das mulheres desta família na qual as palavras prazer, carinho, paixão e amor permanecerão para sempre um mistério.

Júlia Pinheiro estreia-se na escrita com uma história surpreendente e apaixonante sobre quatro mulheres que nada sabem sobre o amor. Ao longo destas páginas não suspiramos de amor, não nos empolgamos com casos de paixão arrebatadora, nem choramos com casamentos felizes. Somos levados através de uma saga familiar que se inicia nos anos 30 onde os sentimentos eram um infortúnio e o prazer uma pouca-vergonha. Não Sei Nada Sobre o Amor traça o retrato de uma sociedade e de um país ao longo de quase 70 anos de História, através do olhar de Maria da Glória, a avó, Maria da Purificação, a filha divorciada, Ana Clara, a neta mãe solteira, e Benedita, a bisneta, que, apesar de todas as expectativas, não se casa com nenhum príncipe encantado.


Podem ler aqui no blog da Risonha.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Os apanhadores de conchas

Mais um livro lido e arrumado na estante. Agora que começo a ter mais tempo para ler, é devorar livros atrás de livros e ficar a ler até às tantas (o que me rende uma cara ensonada na manhã seguinte).
Não sei se já reparam mas este livro, tal como outros de que tenho falado aqui, fazem parte de uma colecção da revista "Sábado" cujo livro (comprando a revista) tem o preço adicional de 1€.
Para quem estiver interessado na próxima semana começa a ser lançada uma nova colecção de livros (um por semana às quintas-feiras) pelo preço adicional de 1,50€ cada livro.
Mas deixando de publicidade gratuita (LOL) falemos agora do livro... a melhor palavra que tenho para descrever este livro é "doce". Uma leitura muito agradável e mais um contributo para a Academia dos Livros.

Depois de ter estado às portas da morte por um enfarte, Penelope Stern, filha de um pintor de fama internacional, começa a ver a vida com outros olhos. A sua estabilidade afectiva está ligada a uma série de acontecimentos ocorridos no passado.
Conviveu com as suas sequelas dolorosamente, mas agora está disposta a recapitular...
Decide voltar à Cornualha, onde decorreu a sua juventude, e não desistirá enquanto não conseguir compreender a sua própria história bem como a dos membros da sua família. Nesse passado ocupa um importante lugar um quadro pintado pelo seu pai "Os Apanhadores de Conchas", que agora desperta o interesse dos seus filhos pelo seu valor económico...

Podem ler aqui no blog da Risonha.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A rainha no palácio das correntes de ar

Hoje acabei de ler as últimas 200 páginas do livro de Stieg Larsson, « A rainha no palácio das correntes de ar ».

Realmente é pena que a obra que ele programou para se desenvolver em 10 volumes se tenha resumido apenas a 3 . Sei que estreia no próximo dia 24 de Setembro, o filme sobre o 1º volume, curiosamente realizado na Europa e não nos Estados Unidos, que costumam ter " olho" para estes guiões bombásticos. Estou convencida que este filme e os outros que inevitavelmente se seguirão, serão um êxito de bilheteira.

Aconselho, contudo, a que leiam primeiro os livros porque são espectaculares e nem de longe capazes de serem substituídos seja por que filme for! É tão poderosa a escrita de Larsson que imaginamos as nossas próprias personagens, metemo-nos nas suas peles, sofremos, angustiamo-nos, vibramos e simpatizamos com elas de tal modo que não conseguimos deixar de viver suspensos das suas aventuras e devoramos página atrás de página, na ânsia de resolver os mistérios e acalmar as nossas dúvidas. São personagens estranhas, com características invulgares e muitas vezes no limiar da marginalidade, o anti-heroi que tem uma boa explicação para ser assim e que capta a nossa simpatia. E, a cada novo livro, surgem mais personagens, exóticas ou não, que se encadeiam na vida uma das outras.

A intriga de Larsson é fascinante e as aventuras sucedem-se interruptamente, com rapidez, interligando pessoas e acontecimentos que, espantosamente, conseguimos acompanhar dada a lucidez e clareza da escrita. Na verdade cada capítulo está datado fazendo-nos acompanhar os acontecimentos cronologicamente e mesmo em cada capítulo há separação de assuntos e factos, dando-nos uma perspectiva do que está a acontecer simultaneamente em diversas frentes.

Toda a obra de Larsson gira em torno dos homens que oprimem as mulheres, as agridem, as subjugam numa prepotência absurda e que, por se julgarem impunes, abusam do seu poder. É por isso que nos sabe melhor vê-los castigados no final. Lisbeth Salander é vítima do pai, do psiquiatra que a acompanha quando é ainda menor, do tutor, do estado sueco, do irmão. A mãe dela, vítima de Zalachenko. Erika Berger, vítima do seu novo colega de trabalho. Harriet Vangler, vítima do seu pai e irmão e tantas mulheres jovens e menos jovens apanhadas na rede de tráfico de mulheres de leste, que podiam ser de outro lado qualquer, obrigadas a prostituirem-se, privadas da sua liberdade e exploradas até por homens da própria polícia. A história é ficção mas está tão bem documentada, tão bem orquestrada, tão actual que é verosímil e empolgante.

Neste 3º volume há homicídios e a procura desenfreada do seu presumível autor, Lisbeth . Cruxificada pelos midia que não sabem nada dela a não ser o que a polícia deixa escapar, propositadamente, sobre a sua vida e que a descrevem como uma lésbica satânica, ela é a única que descobre o que verdadeiramente se passou e tenta resolver a situação. Lisbeth acaba entre a vida e a morte depois de ter levado 3 tiros e ter sido enterrada viva ( não digo por quem). Quando pensamos que tudo está terminado para ela, num milagre de resistência, consegue libertar-se e, ajudada pelo amigo que sempre a compreendeu e nunca a abandonou, Mikael Blomkvist, é levada para um hospital e salva. Não vou contar mais nada para não estragar as emoções. Mas a partir daqui é a recuperação de Lisbeth, a tentativa dos seus verdadeiros amigos provarem a sua inocência ao mesmo tempo que tentam pôr a claro, com provas irrefutáveis, toda a trama que acompanhou a vida de Lisbeth, o envolvimento de uma secção especial da Säpo, tornando-a no erro mais montruoso da justiça e da polícia sueca.

Não percam, leiam mesmo esta trilogia e vão ver que não se arrependem. Não é só um devaneio meu, há uma verdadeira febre Millennium por todo o mundo, uma verdadeira legião de fãs viciados nesta saga tão bem escrita.


Podem ler aqui no blog da Noémia.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Cinco Quartos da Laranja

Há muito tempo que não participo na nossa Academia dos Livros. Eu tenho lido bastante, mas a preguiça de postar sobre os livros tem sido muita. Desta vez fiz um esforço para combater essa danada da preguiça e aqui está o post.
Sugiro a leitura do livro Cinco Quartos da Laranja de Joanne Harris. Desta autora ainda só tinha lido Chocolate, que tinha gostado bastante e apesar de ela já ter publicado vários livros ainda não tinha voltado a ela.
Comprei o livro em inglês, o que para mim tem várias vantagens, é mais barato e permite o treino da língua inglesa, mas é óbvio que está editado em português.

É um livro muito belo, muito diferente de Chocolate, no sentido em que é mais duro, mais forte, mais amargo, mas parecido na abordagem de um universo mágico: a França campestre, com os seus aromas, os seus sabores, as suas paisagens e mitos. O rio Loire, os seus peixes, as suas correntes fortes, tornam-se personagens do livro, assim como Les Laveuses e Angers, as povoações onde a acção decorre. As pessoas têm nomes de frutos: Framboise, Reine-Claude, Cassis, Pistache, Prune… e os apelos ao paladar são tantos que ficamos com vontade de ir para a cozinha preparar geleias, crepes e toda a espécie de delícias.

Mas, no livro, estas delícias são temperadas com o azedume de uma relação gelada entre mãe e filhos. Framboise fala assim de sua mãe:
“Nunca vi a minha mãe chorar. Raramente sorria, e apenas na cozinha com a sua paleta de sabores na ponta dos dedos, falando para si própria – pensava eu – sempre no mesmo murmúrio monocórdico, dizendo os nomes das ervas e das especiarias – “canela, tomilho, hortelã-pimenta, coentros, manjericão, açafrão” – e fazendo comentários monótonos. “Vê o lume. Tem que estar na temperatura certa. Se estiver muito baixo a panqueca fica ensopada. Se estiver muito alto, a manteiga queima-se e a panqueca torra.” Compreendi mais tarde que ela estava a tentar educar-me. Eu escutava porque via nos nossos seminários da cozinha a única forma de ter um pouco da sua aprovação, e porque qualquer boa guerra precisa da sua ocasional amnistia. Receitas campestres da sua Bretanha eram as suas favoritas; as panquecas de milho sarraceno que comíamos com tudo, far breton, kouign amann e galette bretonne que vendíamos em Angers, juntamente com o nosso queijo de cabra, salsichas e fruta.”

Como só tenho o livro original, fiz uma tradução livre deste pedacinho, para vos dar uma pequena ideia desta obra. Espero que ela vos aguce o apetite para ler o livro e para cozinhar um crêpe framboise...


Podem ler aqui no blog da Isabel.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A rapariga que sonhava com uma lata de gasolina e um fósforo

Despachei literalmente de uma assentada o 2º volume do Stieg Larsson, 611 páginas, « A rapariga que sonhava com uma lata de gasolina e um fósforo». Passei o dia enfiada no sofá da sala e só me levantei para dar cumprimento às funções mais primárias e inadiáveis. Não me lembro de melhor maneira de passar o meu último dia de férias.

O livro é simplesmente fabuloso em termos de capacidade de reter toda a nossa atenção, de nos prender e compulsivamente querermos saber sempre mais. Eu até nem sou fã de policiais mas estou rendida completamente ao estilo de Larsson..
Desta vez a acção gira toda à volta de Lisbeth Salander que depois de umas merecidas férias de um ano, regressa à Suécia e, com os inesperados milhões de coroas que tem na sua conta bancária resolve mudar de casa, de vida e de emprego. Quando está finalmente instalada começa a fazer uma ronda pelos seus antigos conhecidos, começa a descobrir as actividades em que cada um anda envolvido e isso começa a despertar o seu interesse. Inesperadamente, vê-se acusada do assassínio de um casal, ela, Mia Johansson, criminalogista e ele Dag Svensson, jornalista que investigavam uma rede de trafico de mulheres de leste e o negócio da prostituição, a que se junta mais tarde uma terceira vítima, o advogado seu tutor.
Os dados estão lançados, uns vêem-se envolvidos involuntariamente na história, outros poucos, que gostando de Lisbeth se colocam do seu lado e procuram a verdade e ainda uma quantidade de polícias que levam a cabo as investigações, todos procuram frenéticamente Lisbeth que, misteriosamente, sumiu sem deixar rasto. Aparentemente ninguém sabe porque é que ela terá matado os três e que ligações haverá entre eles que justifiquem as suas mortes. Mikael Blomkvist acredita que o assassínio está relacionado com o livro de Dag, que a Millenium ia editar interligada à tese de doutoramento de Mia. A polícia obstinadamente segue outra pista. Armanskij, antigo patrão de Lisbeth entra na corrida, com uma investigação paralela à da polícia. As televisões e jornais anunciam o nome e rosto de Lisbeth, explorando com foros de sensionalismo, pormenores da sua vida que vão sendo apurados nas investigações e há quase uma condenação pública nos midia, de que ela é a criminosa...
Uma rede de intrigas jornalísticas, três investigações sobre o mistério dos assassinatos, peripécias atrás de peripécias vão-nos desvendando que há mais em jogo dos que aquilo que sabemos. As peças de uns e de outros começam a completarem-se como um puzzle.

De repente descobrimos e acompanhamos Lisbeth Salander sem que nenhum dos outros saiba dela e do que faz. Torcemos e simpatizamos com esta mulher miuda , lutadora e solitária. Desejamos que vença quando finalmente compreendemos toda a verdadeira dimensão da infelicidade da sua vida e compreendemos finalmente o drama que lhe ensombrou toda a adolescência. Percebemos o porquê” do seu ódio aos homens que odeiam as mulheres” e torcemos para que os outros também descubram isso.

O livro acaba com a demanda solitária de Lisbeth, na tentativa de resgatar o seu passado vingando-se do culpado de toda a sua vida e também, indirectamente, culpado dessas mortes. O seu mais fiel defensor e amigo Mikael Blomkvist que lhe adivinha os passos, segue-a e tenta salvá-la caso haja um fracasso.
Não revelo mais nada do argumento porque seria estragar o prazer da leitura. Aliás este volume fica com a acção em aberto e temos que ler o terceiro para descobrir o que se vai passar a seguir. Como vêem o suspense continua ...Acho que vou a correr começar o 3º volume que está ali pousado a chamar insistentemente por mim!

Podem ler aqui no blog da Noémia.