terça-feira, 28 de julho de 2009

Nunca me esqueças

Este livro é simplesmente lindo... confesso que quando o comecei a ler e vi que a acção era passada no século XVIII achei que não iria gostar... mas enganei-me redondamente.
A história é envolvente, relata a vida de uma mulher muito corajosa, que por amor aos filhos e aos amigos consegue vencer todas as adversidades da vida.
Dei por mim muitas vezes com uma lágrima ao canto do olho ao ler o livro... talvez por andar muito sensível, pois tenho tido uma das minhas melhores amigas internada no IPO, e muitas vezes comparei a coragem da heroína do livro com a coragem da minha amiga.
Carma, para ti um beijinho muito especial... és uma lutadora e sei que vais vencer.Mas vamos ao que interessa: ao livro! Têm que lê-lo para saberem do que falo....


Num dia...
Com um gesto apenas...
A vida de Maruy mudou para sempre.
Naquele que seria o dia mais decisivo da sua vida, Mary - filha de humildes pescadores da Cornualha - traçou o seu destino ao roubar um chapéu.
O seu castigo: a forca.
A única alternativa: recomeçar tudo de novo no outro lado do mundo.
Dividida entre o sonho de começar de novo e o terror de não sobreviver a tão dura viagem, Mary ruma à Austrália, à época uma colónia de condenados. O novo continente revela-se um enorme desafio onde tudo é desconhecido... como desconhecida é a assombrosa sensação de encontrar o grande amor da sua vida. Apaixonada Mary vai bater-se pelos seus sonhos sem reservas ou hesitações. E a sua luta ficará para sempre inscrita na História.
Inspirada por uma excepcional história verídica, Lesley Pearse - a rainha do romance inglês - apresenta-nos Mary Board e, com ela, faz-nos embarcar numa montanha-russa de emoções únicas e inesquecíveis.


Podem ler aqui no blog da Risonha.

sábado, 25 de julho de 2009

Cuecas na Cozinha - Escola de maridos & afins


Pode não ser literatura pura e dura, mas tem algo a ensinar de uma forma divertida e clara. Uma sugestão de leitura para quem é interessado em culinária e/ou para quem quer começar a interessar-se por este tema.

Conheci o blog do Alessander quando ele estava a comemorar o 1º ano de aniversário do Cuecas na Cozinha. Para a comemoração do 2º ano ele e a esposa, Cris, resolveram publicar um livro com o mesmo nome, onde incluem instruções, receitas e dicas acerca desse universo de alquimia que é uma cozinha. Para não falar das fotos lindíssimas da autoria da Cris :)

Segundo o Alessander, o livro "É um convite para quem pretende se aventurar pela deliciosa arte de receber em volta do fogão aqueles que realmente fazem diferença nessa vida."
Por isso, escreveu-o de forma ligeira, divertida e próxima, como se estivesse na presença dos leitores ou como se os leitores estivessem na cozinha dele.

No minímo é um título interessante, especialmente para quem vive em Portugal porque cá, quem usa cuecas, são as mulheres he he
Quer dizer, do jeito que o país está, tudo usa tanga ou fio dental, mas isso é outra história.

No fundo, o livro é um incentivo aos homens para que entrem na cozinha e façam um agrado às mulheres. Quem não gostava de ver o marido de avental (algumas até mesmo só de avental sem nada por baixo, confessem!!! he he) a preparar uma comidinha para nós, mulheres? Porque se os homens se conquistam pelo estômago, as mulheres não são muito diferentes. A carne é fraca e a gula é grande :) Além do mais, podem apanhar o gosto pela arte de cozinhar e descobrir um talento oculto que viu a luz do dia.

Olhem que, para quem tem mulheres preocupadas com a linha, também tem receitinhas leves e saborosas. Isso não é desculpa!

Outra coisa: há alguma coisa melhor que passar o serão com os amigos a partilhar estórias e boa comida? Especialmente quando essa comida é feita pelas nossas próprias mãos? Pode até haver mas não sabe tão bem quanto isso!

Eu li o livro de fio a pavio em pouco tempo e percebi que nele tem amizade, paixão, entrega... tanto pela culinária como pelas pessoas que fazem parte da vida do autor. Porque tal como ele aconselha: "Não perca o seu tempo com quem não vale a pena."
O melhor é alimentar as amizades, as parcerias, o companheirismo, as partilhas. Alimentar a alma mas também o corpo, porque saco vazio não se aguenta de pé :)

Eu já fiz uma receita retirada do livro dele e tenho outras para experimentar.
Existe uma divisão no livro que consta de pratos para curtir a dois e pratos para dividir com os amigos mas isso não é rigoroso. Na cozinha, tudo é possível e passível de ser dividido a dois ou dividido por um batalhão. O que é preciso é ter vontade!

Para mais informações acerca do livro, para conhecerem o Alessander e o blog dele recheado de receitas e fotos fantásticas, é só acessar aqui.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O caso da rua Jau

Talvez influenciada pela melancolia do tempo veio-me à memória um texto que eu achei belíssimo na altura que o li, há já um bom par de anos e que compartilho agora convosco. Leiam-no devagar, parem mesmo nos pontos e façam pausas grandes nas vírgulas. Saboreiem como se fosse um rebuçado...

«
Seguiam pelo passeio de mãos dadas. Talvez o vento ligeiro que se levantou os molhasse ainda mais. Quando os atingia a chuva transformava-se em flores, como é de uso acontecer ao pão, nos milagres. Ou, como as flores continuam caras, talvez a chuva se limitasse a uma carícia, considerando tudo mais desnecessário.
Certo, certo, é que a chuva lhes ensopava o cabelo e que havia que, com a manga do casaco, ou simplesmente com os dedos, ir suavemente aceitando os pingos que lhes desciam pelo nariz.
Eles. Eles são eles. Eles são o príncipio de tudo o resto, sim, o resto é quase o fim do dia, a chuva farta e mansa, os autocarros embaciados, as pessoas apressadas ou abrigadas, resignadas, submissas, debaixo dos toldos.
Eles. Eles têm catorze anos, vão devagar como qualquer eternidade que se preze e tudo o mais de espanto é ficar a vê-los pelo passeio fora, de mãos dadas,enquanto a chuva cai, cai, cai.
Enquanto a noite se vai infiltrando por tudo o que é cidade.
Enquanto Lisboa se vai acomodando para a hibernação de todos os silêncios.
De súbito um carro pára diante deles, no outro lado da rua. Um vulto feminino desce, cobre a cabeça com a mão direita, acena com a outra:
- Eh pessoal! Querem boleia?
Eles estacam. Num acto instintivo de protecção Júlia põe-se à frente do rapaz.
- A professora Zília! - exclamam ao mesmo tempo.
-Não querem vir?
- Não vale a pena.
- Mas está a chover muito!
- Isto não é nada já passa. - grita o João.
- Vejam lá. Está tudo bem? Não há novidade?
- Tudo bem, professora, tudo bem.
Zília fica a vê-los afastarem-se, pararem na luz da paragem do autocarro, abraçarem-se num beijo, num beijo, num beijo.
Completamente ensopada, Zília entra no carro.
- O que é que tens? - pergunta-lhe o companheiro.
- Não sei - diz ela - Não sei. Mas parece que estou feliz
. »


Este excerto é do livro « o caso da rua Jau », de Mário Castrim.

Mário Castrim (pseudónimo de Manuel Nunes da Fonseca) nasceu em Ílhavo, em 1920, e morreu em Lisboa, em Outubro de 2002. Era casado com a também escritora e jornalista Alice Vieira e pai da jornalista e escritora Catarina Fonseca.
Professor, escritor e jornalista, fez crítica de televisão diária, desde 1965, no Diário de Lisboa. Depois do encerramento deste jornal, em 1990, passou a assinar a crítica de televisão no semanário Tal & Qual. Em 1963 criou, com Augusto da Costa Dias, o Diário de Lisboa – Juvenil, que sempre considerou a sua obra mais importante. Escreveu no jornal Avante! e, nos últimos dez anos da sua vida, trabalhou na revista Audácia, dos Missionários Combonianos.


Podem ler aqui no blog da Noémia.