sexta-feira, 24 de abril de 2009

A Herança Bolena

O fio condutor deste e de outros romances de Philippa Gregory é a história real de Inglaterra, pelo que muitos leitores já sabem de antemão o destino das personagens. Então, é legítimo que nos interroguemos acerca do seu sucesso, não é? Qual será o segredo da autora? Os seus livros são best-sellers, mas, porquê?

A Publishers Weekly respondeu a esta questão assim:
“Rica em intriga e ironia, esta é uma história em que o leitor já sabe quem se divorciou, quem foi decapitado e quem sobreviveu, mas apreciará a inteligente adaptação de Gregory do como e porquê.”

E é mesmo verdade, apesar de já conhecer o destino de todas a esposas do Rei Henrique VIII de Inglaterra, não resisto à leitura de mais um livro da Philippa Gregory.
É certo e sabido que quando se estuda a história de um país, normalmente, faz-se uma resenha dos acontecimentos sociais, políticos e religiosos. Não dá para ser mais aprofundado, porque os acontecimentos são muitos e a distância temporal é cada vez mais longa, pelo que alguns pormenores menos importantes perdem-se pelo caminho, e é precisamente aqui que esta escritora ganha pontos. Ela foca um determinado período da história, normalmente curto, e dá alma e coração às personagens.
Por exemplo, sabemos que algumas pessoas foram condenadas à morte, mas o que pensaram antes de deitar a cabeça no cepo?

E a consciência de quem testemunhou e/ou conspirou contra elas, como ficou?

É precisamente nas respostas a estas perguntas que reside o encanto de ler os livros de Philippa Gregory. Ela humaniza as personagens recorrendo a uma investigação histórica bastante minuciosa.



“A Herança Bolena” é o seu penúltimo best-seller editado em Portugal pela Civilização Editora. Este romance conta a história de três das mulheres que passaram pelo leito de Henrique Tudor (Rei Henrique VIII de Inglaterra), e de Jane Bolena, uma serva que é chamada de volta à corte para gerir os aposentos da nova Rainha. Henrique VIII ficou conhecido na história como o Rei que casou seis vezes, porque se tornou uma pessoa obcecada pelo desejo de ter um filho varão. Era um homem caprichoso e muito ambicioso. Vivia na ânsia de gerar um herdeiro que o sucedesse no trono, mas para conseguir anular o seu primeiro casamento, precisava de obter o controlo total do seu País. Perseguiu os papistas para se tornar na “vontade de Deus na terra”. Assumiu o título de Chefe da Igreja, para se poder casar e descasar sem pedir o consentimento do Papa. Quando se tornou Chefe Supremo da Igreja, submeteu tudo e todos aos seus caprichos. Até os seus apoiantes viviam amedrontados e na incerteza. A sua desconfiança era constante e a crueldade do Rei parecia não ter limites. Durante o seu reinado muita gente foi injustamente condenada à morte, tal não era a loucura do Rei.

Com o poder total nas mãos, Henrique VIII (1491-1547) não olha a meios para conseguir o tão desejado filho varão. Além das muitas amantes que a história lhe atribui, casou com Catarina de Aragão, Ana de Bolena, Jane Seymor, Ana de Cléves, Catarina Howard e Catarina Parr.

Neste romance, a escritora concentra-se em Ana de Bolena, Ana de Cléves e Catarina Howard. Pelo meio e servindo como elo de ligação entre as esposas do Rei, o importantíssimo testemunho de uma mulher amargurada, Jane Bolena, que serviu muitos anos nos agitados aposentos da Rainha (a julgar pelo número de casamentos do Rei e não só). Esta serva movimenta-se na corte com sabedoria e experiência, privou com quase todas as Rainhas e chegou a ser cunhada do Rei. Esta é a mulher que conhece o preço d’A Herança Bolena.


Um romance histórico com tudo aquilo a que tem direito: conspiração, intriga e paixão!



Podem ler aqui no blog da Moonlight.

1 comentário:

Cristina disse...

Pois, estes livros da Philippa Gregory são todos ou quase todos best-sellers. Li um dela, o " Duas irmãs e um Rei" mas confesso que tive de me obrigar... Pouco tempo antes tinha visto de uma assentada a série "The Tudors" (by the way, haverá Rei Henrique mais ... perfeito... que o Jonathan Rhys-Meyers?) e chateou-me a perspectiva demasiadamente romanceada da Philippa Gregory. No livro que li os aspectos politicos e sociais(que são em parte consequência dos affaires que o Rei mantinha com as cortesãs) são muito secundarizados, portanto... pareceu-me que lhe faltava qq coisa. Mas é a minha opinião, claro, pois em termos de romance e descrição da vivência na corte ela faz muito bem :)