
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Der Prozess, by Franz Kafka

segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Florbela Espanca
Do que os homens!
(...)
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
(...)
«A minha sede de infinito é maior do que eu, do que o mundo, do que tudo, e o meu espiritualismo ultrapassa o céu. Nada me chega, nada me convence, nada me enche. Sou uma pobre que nenhum tesouro acha digno das suas mãos vazias. A morte, talvez... esse infinito, esse total e profundo repouso.»

quarta-feira, 24 de setembro de 2008
E do disco se fez livro

De Trovadores e Jograis
Quando as civilizações grega e romana foram derrubadas, na Europa começou um longo período de retrocesso cultural. Desapareceram os grandes poetas, desapareceram os grandes teatros, onde se encenava para um grande público. A cultura encerrou-se em alguns mosteiros e encontrava-se só ao alcance de uma minoria.
Foi na Provença, no século XII, que apareceram os primeiros trovadores (trovador ou faladores) de palavras felizes, que não escreviam em latim, mas na língua de OC.
Chamavam-se assim para se distinguirem dos intelectuais que falavam em latim. Os trovadores eram gente culta, alegre e satírica que se expressavam no idioma do cidadão comum. Compunham a letra e a música das suas canções, era o seu ofício. As suas obras eram interpretadas pelos jograis, origem dos cantautores actuais, e que para além de saber cantar, dominavam diversos instrumentos musicais. Em algumas situações os jograis compunham também a letra e a música das canções, como os cantautores actuais.
O êxito de trovadores e jograis, bem como a sua enorme influência junto das populações, muitas vezes assustou os detentores do poder: o IV concílio de Latrão proibiu a clérigos e monjas ter trato com trovadores e jograis, tendo-os definido como gente dissoluta e libertina. Mas também dentro do mesmo poder eclesiástico houve gente que não pensava da mesma forma: Francisco de Assis e seus discípulos romperam com esta proibição ao auto intitularem-se “Jograis do Senhor”.
Os trovadores, jograis e cantautores actuais mantiveram e enriqueceram este ofício, mas também, como outrora, foram mal vistos em muitos países, foram proibidos, marginalizados e até encarcerados.
Mas aí estão, trovadores e jograis de hoje, como antigos e gastos lutadores a favor da alegria e da liberdade.
José Agustín Goytisolo (traduzido do original em Castelhano)
No te pude ver
No te pude vercuando eras soltera
mas de casada te encontraré.
cuando en la noche las doce den.
Federico Garcia Lorca
Jaca negra, luna grande
y aceitunas en mi alforja.
Aunque sepa los caminos
yo nunca llegaré a Córdoba
Córdoba lejana y sola¡
Ay qué camino tan largo!
¡Ay mi jaca valerosa!
¡Ay que la muerte me espera!
Antes de llegar a Córdoba.
Federico Garcia Lorca
Amada, en esta noche, tú te has crucificado
entre los dos maderos cruzados de mi beso.
Y tu pena me há dicho que Jesús ha llorado
y que hay un Viernes Santo mas dulce que esse beso.
Y tu pena me há dicho que Jesús ha llorado
y que hay un Viernes Santo mas dulce que esse beso.
Amada, en esta noche, tú te has crucificado.
Amada, moriremos los dos juntos, muy juntos
y ya no habrán reproches en tus ojos benditos
ni volveré a ofenderte. Y en uma sepultura
dormiremos los dos como dos hermanitos.
Cesar Vallejo
Juventud, divino tesoro
Juventud, divino tesoro.
¡Ya te vas para no volver!
Cuando quiero llorar no lloro
y as veces, lloro sin querer.
Juventud, divino tesoro.
¡Ya te vas para no volver!
En vano busqué a la princesa
que estaba triste de esperar.
La vida es dura, amarga, y pesa.
Ya no hay princesa que cantar.
¡Ya te vas para no volver!
mi sed de amor, no tiene fin.
Cabello gris, asi me acerco
a los rosales de jardin.
¡Ya te vas para no volver!
Ruben Dario
Ya no hay locos, ya no hay locos
ya no hay locos, en España ya no hay locos.
Se murió aquel manchego,
Aquel esrajalário fantasma del desierto.
Ya no hay locos, ya no hay locos
ya no hay locos, amigos ya no hay locos.
Todo el mundo está cuerdo
terrible, horriblemente cuerdo.
Ya no hay locos, ya no hay locos
ya no hay locos, en España ya no hay locos.
¿Cuándo se pierde el juicio?
Yo pregunto: ¿Cuando se pierde, cuándo?
Si no es ahora, que la justicia
vale menos que el orín de los perros.
Ya no hay locos, ya no hay locos
ya no hay locos, amigos ya no hay locos.
Leon Felipe
Rosal
¿De qué sirve presumir,
sí aún no acabas de nacer
quando empiezas a morir?
Hay que llorar e reir
vivo y muerto, tu arrebol.
Rosal, menos presunción
¿donde estan las clavellinas?
Pues serán mañana espinhas
las que ahora rosas son.
que tu calidad mejora,
si es tumantilla la aurora
es la noche su mortaja.
Se está riendo la malva
cabellera de un terrón.
Rosal, menos presunción
¿donde estan las clavellinas?
Pues serán mañana espinhas
las que ahora rosas son.
Francisco de Quevedo
Tus ojos me recuerdan
Tus ojos me recuerdan
las noches de verano.
Negra noche sin luna
orilla al mar salado.
Y un chispear de estrellas
de un cielo negro y bajo.
Tus ojos me recuerdan
las noches de verano.
Y tu morena cara
los trigos requemados
de un suspirar de fuego
de los maduros campos
Tus ojos me recuerdan
las noches de verano.
De tu morena cara
de tu soñar gitano
de tu mirar de sombras
quiero llenar mi vaso.
Me enbriagaré una noche
de un cielo negro y bajo
para cantar contigo
orilla al mar salado,
una cancion que deje
cenizas en los lábios
de tu mirar de sombra
quiero llenar mi vaso.
Tus ojos me recuerdan
las noches de verano.
Antonio Machado
Cancion de la muerte
Débil mortal, no te assuste
mi oscuridad ni mi nombre.
En mi seno encuentra el hombre
un término a su pesar.
Yo, compassiva, le ofrezco
lejos del mundo un asilo
donde en mi sombra, tranquilo
para siempre duerma en paz.
Soy la virgen misteriosa
de los últimos amores
y ofrezco un lecho de flores
sin espinhas ni dolor.
Y, amante, doy mi cariño
sin vanidad ni falsia.
No doy placer, ni alegria,
mas es eterno mi amor.
Deja que inquieten al hombre
que, loco, al mundo se lanza
mentiras de la esperanza,
recuerdos del bien que huió.
Mentiras son sus amores,
mentiras son sus victorias
y son mentiras sus glorias
i mentira su ilusion.
José de Espronceda
La Romeria
¡Ay qué blanca la triste casada!
¡Ay, como se queja entre las ramas!
Amapola y clavel será luego
cuando el macho despliegue su capa.
Si tú vienes a la Romería
a pedir que tu vientre se abra
no te pongas un velo de luto
sino dulce camisa de Holanda.
¡Ay, como relumbra!
¡Ay, como relumbraba!
Vete sola detrás de los muros
donde estan las higueras cerradas
Yy suporta mi cuerpo de tierra
hasta el blanco gemido del alba.
Federico Garcia Lorca
El Rey Almutamid
Soñaba en su lecho el rey
soñaba de madrugada
que entre las ondas del rio
buscaba manzanas blancas
Noche de medo en Sevilla
víspera de la batalha
Y el rey Almutamid
en el sueño contemplaba
la dulce fruta de nieve
que en los espejos temblaba
Noche de medo en Sevilla
víspera de la batalha
En Sevilla, Almutamid
abrió los ojos al alba
quando el sol enrogecia
en la ventana mas alta.
Y ni amanecer halló
ni arrayán bajo la almohada
ni del agua el dulce nido
donde vio manzanas brancas
Fanny Rubio
Volverán las oscuras golondrinas
Volverán las oscuras golondrinas
en tu balcon sus nidos a colgar
y otra vez con el alla a sus cristales
jugando llamarán.
Pero aquellas que el vuelo refrenaban
tu hermosura i mi dicha al contemplar,
aquellas que aprendieron nuestros nombres,
essas… ¡no volverán!
Volverán las tupidas madresselvas
de tu jardin las tapias a escalar,
y outra vez a la tarde, aún más hermosas,
sus flores se abrirán;
Pero aquellas cuajadas de rocio,
cuyas gotas mirábamos temblar
y caer, como lágrimas del dia…
essas… ¡no volverán!
G. A. Becquer

Podem ler aqui no blog do Cupido.
terça-feira, 23 de setembro de 2008
Ameixa Doce
Vim aqui hoje "contar uma pequena história" e fazer um agradecimento público!
No dia 7 de Julho, após a formalização do convite a algumas amigas, com vista à criação desta Academia, ela começou a ganhar forma. De início, eu ia pondo no meu blog as participações e os links para os blogs respectivos. Entretanto, em conversa com a Ameixinha, surgiu a ideia da criação de um blog próprio para juntar todas as participações. Depois de consultar algumas "sócias", o resultado foi: é melhor, não é melhor, é preciso, não é preciso, as opiniões divergiam. Entretanto, e uma vez que, graças à divulgação feita pela Ameixa, a Academia cresceu bastante (felizmente!), resolvemos optar por essa solução.
Acontece que esta fase coincidiu com as minhas férias, pelo que pedi/propus à Ameixa que fosse ela a tratar da criação do novo blog, até porque ela tem muito jeito para estas coisas, como já puderam verificar...
E pronto, depois de uns diazinhos (e noites?!) de trabalho exaustivo e entusiasmado da nossa amiga, eis que surgiu este novo blog (ficou lindo, não ficou?). Parabéns, Ameixinha.
Entretanto, além desta "história" (verídica!) ter como principal objectivo agradecer à Ameixa o seu excelente trabalho, quero aproveitar tb para me desculpar pela minha ausência aqui do sítio mas, por motivos pessoais, estive sem possibilidade de me encarregar da tarefa de colocar as postagens, etc., enfim, tomar conta do blog, o que a nossa Ameixa Doce tem feito com todo o carinho, daí eu ter decidido "mudar-lhe" o nome. Mas ela é mesmo um doce! Mais uma vez, obrigada por tudo, e parabéns pelo teu empenho.
Cláudia Marques
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Ratos e Homens
É uma narrativa de vidas solitárias povoadas por amizade e ambição.
George e Lennie percorrem o solo americano à procura de trabalho, mas em plena época de recessão americana (anos 30 do século XX) tudo o que conseguem encontrar é trabalho sazonal e mal pago. Vivem em condições de pobreza alimentando o sonho de comprar uma quinta onde possam viver os dois em paz, sem patrões e “criando coelhos de sobra para comer e vender”. É com esta ambição que trabalham e guardam o dinheiro.
George é um indivíduo magro, baixo, de cara morena, olhos vivos e bastante esperto, enquanto que Lennie é precisamente o oposto: tem a inteligência e a ingenuidade de uma criança e é tão corpulento que facilmente atrai atenções, além disso tem uma força superior à que seria de esperar num ser humano. Entre eles existe uma amizade de irmãos, George nutre um sentimento de protecção em relação a Lennie, pois comporta-se como o irmão mais velho que lidera e que toma as decisões mais importantes. Quando alguma situação exige força muscular, Lennie apresenta-se sempre orgulhosamente a seu lado. É uma relação equilibrada, pois a ignorância e a corpulência de um é compensada com a esperteza e a magreza do outro.
Ao longo da obra também vamos conhecendo outras personagens interessantes, cujos sonhos têm vindo a ser continuamente adiados por vicissitudes da vida, mas entre aventuras e desventuras o “sonho americano” vai persistindo. A realidade é que se mostra sempre inesperada e o relacionamento humano muito frágil.
Esta obra já foi adaptada ao teatro e ao cinema várias vezes, mas se calhar vale mais ler o livro! ;)
Podem ler aqui no blog da Moonlight.
sábado, 20 de setembro de 2008
Sucupira, ame-a ou deixe-a

Podem ler aqui, no outro blog do Cupido.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Pássaros feridos

É com grande orgulho que digo que faço parte da Academia dos Livros, onde fui carinhosamente inserida pela Ameixa. Como ler é um dos meus passatempos preferidos, tinha mesmo que fazer parte desta academia maravilhosa.Venho dar-vos a conhecer o livro que acabei de ler ontem à noite e que achei maravilhoso.
Não sei se se lembram da série "Pássaros Feridos", passada entre nós no ano de 1983, protagonizada por Richard Chamberlain (no papel de Ralph de Bricassart) e Rachel Ward (no papel de Maggie Carson). Lembro-me de ser míuda e toda a gente lá em casa gostar de ver esta série.
Passados mais de 20 anos tive oportunidade de ler o livro e aconselho-o vivamente a toda a gente, pois é um tipo de leitura que nos prende até à última página.
"Existe uma lenda acerca de um pássaro que só canta uma vez na vida, com mais suavidade do que qualquer outra criatura sobre a Terra. A partir do momento em que deixa o ninho, começa a procurar um espinheiro, e só descansa quando o encontra. Depois, cantando entre os galhos selvagens, empala-se no acúleo mais agudo e mais comprido. E, morrendo, sublima a própria agonia e solta um canto mais belo que o da cotovia e o do rouxinol. Um canto superlativo, cujo preço é a existência..."
Esta é a tortuosa história de dois pássaros feridos: a vida de Ralph de Bricassart, um ambicioso sacerdote católico com o coração dividido entre o seu amor espiritual por Deus e pela carreira eclesiástica e a sua irrefreável paixão terrena pela sua jovem paroquiana Meggie Carson.
Ralph de Bricassart tenta ultrapassar a sua paixão por Meggie e chega a cardeal, nunca esquecendo no entanto o amor que sentia pela jovem e nem sequer tendo conhecimento que ambos têm um filho em comum, Dane, que também segue a vida religiosa e chega a ser ordenado padre. Meggie, Ralph, Paddy, Luke, Fee, Dane, Justine, Rainer, Patsy, Jims, Bob, Jack... e mais uma infinidade de personagens que têem como centro a fazenda de Drogheda, situada na Austrália.
Não deixem de ler este livro pois vale mesmo a pena.
Nota sobre a autora: Colleen McCullough nasceu em 1937 em Wellington, Austrália.Catedrática de Neurologia na Universidade de Yale, a sua carreira como escritora teve início quando já era uma profissional destacada da Neurologia. Pássaros Feridos (1977) granjeou-lhe um enorme êxito internacional. É autora de vários romances românticos, bem como de um ciclo de romances ambientados na Roma antiga, pelo que lhe foi concedido em 1993 um doutoramento honoris causa em História.
Podem ler aqui no blog da Risonha.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
A hora da morte
As horas passavam – o salvamento era possível, mas a polícia nunca chegou a tempo. Passaram-se anos, porém, para este assassino o tempo parara. Quando uma vaga de calor se abate sobre a região, o jogo recomeça. Duas raparigas desaparecem – e as horas continuam a passar.
A agente do FBI Kimberly Quincy sabe que terá de infringir algumas regras para vencer um criminoso cruel no jogo que ele aperfeiçoou. A hora da morte chegou.”
Nas minhas aventuras literárias, já me aconteceu descobrir o assassino ainda antes de ir a meio do livro. Neste foi diferente. Foi uma grande surpresa que no final me deixou feliz por não ser uma história previsível.
Se gostam de policiais com muita acção, pouca descrição, onde cada capítulo passa a correr, aconselho a leitura deste livro.
“ O relógio a fazer tiquetaque... o planeta a morrer... os animais a chorar... os rios a gritar. Não conseguem ouvir? O calor mata...”.
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
A verdade da mentira
Apesar de não ser meu hábito ler este género de livros, muito menos comprá-los, desta vez abri uma excepção e nestas férias comprei e li o livro do Gonçalo Amaral, "A verdade da mentira".Gostei do livro: acessível, bem escrito, interessante e nada especulativo.
sábado, 6 de setembro de 2008
O Principezinho

Esta obra é a mistura de um conto infantil com uma parábola para adultos que nos transporta para um ambiente de planetas, asteróides, vulcões, rosas e muitas outras personagens. Um pouco de ficção com um fundo de realidade, ou será o contrário?
O Principezinho é um menino tão ambicioso como qualquer um de nós, tem muita curiosidade e gosta de aprender, mas vive num pequeno asteróide (B612), onde tudo é familiar e previsível. Por isso decide fazer uma viagem para conhecer outras coisas e começa por visitar os planetas/asteróides vizinhos, terminando a sua viagem no 7º planeta: a Terra.No seu percurso vai encontrando personagens tão diversas como, o rei autoritário, o vaidoso, o bêbado, o homem de negócios, o acendedor de candeeiros, o geógrafo... enfim, uma série de figuras tristes que vivem com a mente bloqueada e ainda não perceberam que "o essencial é invisível aos olhos".
Parece que disse tudo, mas acreditem que o livro é muito mais e lê-se num instante. Aconselho a leitura em diversas fases da vossa vida, é mesmo uma obra inteligente e intemporal.
Os passos em volta - Herberto Helder

quinta-feira, 4 de setembro de 2008
O Que Diz Molero by Dinis Machado

Podem ver aqui no outro blog do Cupido.
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
A montanha da alma
