terça-feira, 30 de setembro de 2008

Der Prozess, by Franz Kafka

O Processo, de Franz Kafka é, indubitavelmente um dos maiores livros do século XX. Já li este livro há uns bons anos, mas sempre que leio algo que me desassossega lembro-me de K. e do "seu" Processo, daquela subtil e estranha cosmogonia, daquele engolir em seco, da Metamorfose, do Castelo, d' (...)


Ler Kafka é decifrar um código que, parecendo simplista e redundante, acaba por se mostrar extremamente complexo. O Processo é isso mesmo. É-nos apresentado Joseph K., um singular personagem, funcionário de uma instituição bancária sem nome, habitante de uma cidade da qual nada sabemos e cidadão de um país que desconhecemos totalmente.
Como o título indica, a trama gira em torno de um processo: o processo de K. E continuamos sem nada saber. Qual a acusação feita a K.? Qual o crime por si cometido? Que justiça é aquela, que o encarcera mantendo-o livre? Irrespondível! Nem ele mesmo sabe. Ou sabe e prefere não revelar.


Impregnada de uma profunda, mas subtil, apreciação social, esta obra é o espelho de uma mente crítica, em desconformidade com os ritos sociais vigentes, aos quais lança inúmeros ataques. Publicado postumamente, bem como a maioria dos restantes escritos de Kafka, este livro apenas nos é acessível porque Max Brod, amigo e confidente do autor, não lhe foi fiel (ou louco) ao ponto de satisfazer o seu último pedido: que queimasse todas (!) as páginas por si escritas. Haverá talvez quem considere que nada de importante se teria perdido. Respeito tal posição. Eu prefiro pensar que, se tais palavras tivessem sido queimadas, o fumo que delas teria emanado seria senhor de um dos mais belos, densos e desconcertantes odores alguma vez concebido.


retirado daqui.


Podem ler aqui no blog do Cupido.


8 comentários:

Cláudia Marques disse...

Tenho uma experiência "estranha" com este livro: comecei a lê-lo há alguns meses atrás, mas lamentavelmente não consegui prosseguir a leitura. Estava numa fase de grande dificuldade de concentração, o que não facilita nada a leitura do dito. Mas um dia destes vou fazer outra tentativa, acredito que valha a pena.

cupido disse...

Vale mesmo a pena. Eu tambêm tenho algumas experiências dessas. Por exemplo, Saramago, tentei ler o memorial do convento quando tinha 14 anos e não consegui; voltei a tentar aos 16 e nada. Aos 18 finalmente consegui ler o livro e depois li quase todos de seguida.

Cláudia Marques disse...

Bem, Cupido, não acredito que haja muitas pessoas de 14 anos que consigam ler Saramago... é preciso uma certa maturidade. E, por vezes, mesmo qdo já somos + maduros, e já temos uma certa formação e cultura, pode acontecer não conseguirmos "pegar" em certos livros ou autores. Pelo menos a mim acontece-me isso; por exemplo o premiadíssimo Lobo Antunes, eu não o consigo ler nem por nada. E não me sinto nada diminuída por isso. Não quer dizer que seja uma questão de maturidade ou de cultura literária, pode ser apenas uma questão de gosto ou até, por vezes, de estado de espírito. Há mtas condicionantes... Boas leituras!

ameixa seca disse...

Aconteceu-me o mesmo com Lobo Antunes. Não gostei nada da escrita do homem... e não entendi patavina do que ele escreveu!
Há livros que não nos puxam... Com André Malraux em "A condição humana" tive uma luta constante e só ao fim da terceira tentativa consegui acabar de ler o livro. Não gostei nada... a leitura deve ser perceptível para quem lê.

Noémia disse...

Então Cláudia e Ameixa, já somos três. Eu também não suporto a escrita do Lobo Antunes!Acho que ele faz a catarse dos seus próprios fantasmas e os dos seus pacientes através do que escreve!E tal como tu Cláudia, não me sinto mais diminuida por isso! :)

cupido disse...

Mais um para ajudar à festa; nunca consegui ler Lobo Antunes. Lembro-me de uma vez ter comprado "Memória de Elefante" e não ter conseguido ler. O meu pai leu aquilo em dois ou três dias e adorou. É daqueles Autores que não consigo mesmo ler. E curiosamente gosto muito de o ouvir falar...

ameixa seca disse...

Também gosto de ouvir o homem falar mas lê-lo já é outra história :) Acho que há uma distinção entre o homem e o escritor!

cupido disse...

Pois, curiosamente também acho isso. Independentemente de ele ser um grande escritor, nota-se alguma obsseção (um fantasmita dum Nobel nunca ganho e tão almejado?) na e pela escrita que lhe turva o génio...