terça-feira, 31 de março de 2009
Código Da Vinci, Anjos e Demónios, Fortaleza Digital
domingo, 29 de março de 2009
Dewey - O gato que comoveu o mundo
É uma leitura bastante leve, suave mesmo, em que me revi nalguns episódios passados com os gatos da minha vida, a personalidade, os hábitos, as brincadeiras e traquinices, o conforto e companhia que nos dão, a todos nós, donos dedicados. Há quem diga que não está disposto a partilhar o seu lar com um felino, porque dá trabalho, porque dá despesa, porque largam pelos, porque isto e porque aquilo... eu então acho que nada se tem ou se conserva sem "trabalho" e no fundo não dá esse trabalho a que muitos se referem, talvez porque gosto e tudo o que gosto é para mim um prazer. E, depois há a compensação que só quem tem e gosta destes bichinhos consegue sentir. Ter e estimar um gato é ter mais um membro na família!
Esta é uma história real da vida de um gato, Dewey, encontrado na caixa de devoluções de livros de uma biblioteca, na Biblioteca Publica de Spencer no Iowa, EUA, que aí viveu os seus mais de 19 anos, se tornou famoso na cidade e no mundo, atraíu multidões que se lhe dedicaram, que se encantaram e que acima de tudo usufruiram surpreendentemente do seu apurado sexto sentido.
Vicki Myron é a autora da história e trabalhou 25 anos na Biblioteca Pública de Spencer, 20 dos quais como directora. Bret Witter é editor e escritor. Ajudou Vicki Myron a pôr no papel a história de Dewey.
"Na segunda-feira, dia 18 de Janeiro de 1988, estava um frio de rachar no Iwoa. Na noite anterior a temperatura chegara aos vinte cinco graus negativos, isto sem levar em consideração o vento, que penetrava por baixo dos casacos e nos cortava os ossos. Estava um gelo mortal, o tipo de frio que torna a respiração quase dolorosa. O problema das terras planas, como toda a gente no Iowa sabe, é que não há nada para deter o vento.
(...)
- Ouvi um barulho.
- Que tipo de barulho?
- Na caixa de devoluções. Acho que é um bicho.
- Um quê?
- Um bicho. Acho que está um bicho dentro da caixa de devoluções.
Nessa altura ouvi também um ruído surdo por baixo da tampa metálica. Não parecia um animal. Parecia mais um velhote a tentar limpar a garganta. (...)
Os gatos são criaturas de hábitos e Dewey não demorou muito tempo a estabelecer uma rotina. Quando eu chegava à biblioteca, de manhã, ele estava à minha espera ao pé da porta. Comia um bocadinho da sua comida enquanto eu pendurava o casaco e a mala, e depois percorríamos juntos a biblioteca (...) Assim, pelas minhas costas, Dewey dirigiu-se aos outros funcionários. Primeiro atacou Sharon, saltando-lhe para a secretária e roçando-se np braço dela. Ganhara o hábito de se sentar na secretária de Sharon enquanto ela almoçava, e achava que ela parecia pessoa de apreciar uma boa refeição. (...)
A menina abanou o rato em frente dos olhos sonolentos de Dewey, para lhe chamar a atenção. Depois, delicadamente, atirou-o a alguma distância. Assim que o boneco tocou no chão, Dewey atirou-se a ele. Ele perseguiu aquele brinquedo, atirou-se ao ar, empurrou-o com as patas. a menina ria-se deliciada. Dewey nunca mais brincou com aquele ratinho, mas, enquanto a menina lá esteve adorou-o. Dedicou-lhe todas as suas energias. E a menina erradiava alegria. Pura e simplesmente, brilhava. Viajara centenas de quilómetros para ver um gato e não ficou desapontada. Porque é que eu ainda me preocupava com Dewey? Ele cumpria sempre. (...)"
sábado, 28 de março de 2009
Bichos
Eu até não sou muito apreciadora deste escritor, embora lhe reconheça o maior mérito à sua escrita e obra, e quem sou eu para reconhecer o mérito seja lá de quem for, quanto mais do Miguel Torga? Mas a verdade é que só me lembrava do livro « Bichos», do capítulo do « Farrusco », da sinfonia que a sua gargalhada desperta, para vos mostrar o que ouço e como me sinto quando a quantidade desmedida de pássaros que tenho por lá, me enche as tardes de alegria. Eu só lá estou ao fim de semana, não tenho espantalhos, as árvores, moitas e silvedos são mais que muitas...tudo se cria por lá, desde as levandiscas, melros, cucos, pintassilgos, rolas, gaios, poupas, carriças, piscos, tentilhões, rouxinois, pica-paus...
Deixo-vos pois este texto belíssimo, não só para que o apreciem, como também para que possam imaginar o privilégio que eu tenho ao ouvir, ao vivo, este canto desgarrado, glorioso! Se gostarem e nunca tiverem lido o livro, aproveitem porque os outros textos são lindos também!
"Dentro da poça do Lenteiro, há rãs. Naquela água coberta de agriões e juncos moram centenas delas. Mas à volta, na sebe de marmeleiros, silva-macha e alecrim, vive Farrusco, o melro. Sabe-se isso desde que, em certo entardecer de Agosto, a Clara perguntou ao cuco que se pousara num pinheiro em frente:- Cuco do Minho, cuco da Beira: quantos anos me dás de solteira?
A rapariga era toda ela de se comer. E o cuco, maroto, olhou de lá, viu, e respondeu:
- Cucu... Cucu... Cucu...
Três anos! A moça ficou varada. O Rodrigo acabava a tropa de aí a dias, e prometera levá-la à igreja logo a seguir. Que significava, pois, semelhante demora? Aflita, chegou-se à Isaura, a alcoviteira, mouca como um soco, que a seu lado sachava milho, e gritou-lhe aos ouvidos, desesperada:
- Ora vê?! Que lhe dizia eu?
A Isaura nem queria acreditar.
- Ouvirias mal!...
- Olhe lá que não ouvisse! Contei-os bem.
E foi então que Farrusco soltou a sua primeira gargalhada. Coisa bonita! Uma cascata de semicolcheias escaroladas, como se alguém rasgasse um pano cru, rijo e comprido, no silêncio da tarde serena, que o desânimo de Clara enchera subitamente de melancolia. Nada mais do que isso. Mas o bastante para mudar o sinal do desencanto. A força virgem daquele riso chamou a vida à consciência dos seus direitos. De parada, a natureza animou-se. Uma aragem muito branda e muito fresca atravessou o espaço. Tudo quanto era mundo vegetal ondulou levemente. A própria terra, sonolenta do calor do dia, acordou. E de aí a segundos começou a maior sinfonia que se ouviu no Lenteiro.
Chamadas por aquela volatina, as rãs subiram à tona de água e puseram-se a dar força sonora às tímidas vozes ocultas e anónimas que se erguiam do limbo. Às rãs, juntaram-se logo, pressurosos, os ralos, as cegarregas, os grilos, e quanta arraia miúda tinha fala. A esta, a passarada. Até que não ficou bicho sensível e solidário alheio ao Tantum Ergo pagão. Um coro imenso, cósmico e fraterno, que enchia o mundo de confiança.
Clara, arrastada pela onda de harmonia, apelou da sentença:
- Cuco do Minho, cuco da Beira: quantos anos me dás de solteira?
O que foste fazer! O malandro do pitoniso, se há pouco fora cruel, desta vez requintou.
- Cucu... Cucu... Cucu... Cucu...
Parecia uma ladainha! A lengalenga não parava mais. Ou de propósito, ou porque o mundo, naquele instante, era um orfeão aberto, o ladrão dava mais anos de solteira à rapariga do que estrelas tem o céu.
Desapontada, a cachopa regressou às ervas daninhas do lameiro. E, num amuo justificado, deixou correr as horas. A seu lado, comprometida, a Isaura, que tinha garantido o noivado a curto prazo, falava, falava, sem conseguir adoçar-lhe no espírito o fel da desilusão. E quando a noite se aproximou disposta a selar com negrura aquela tristeza humana, foi preciso que Farrusco, novamente solidário com os direitos da moça, saltasse da espessura da sebe para o cimo de um estacão, e fizesse ressoar pelo céu parado e quente uma segunda gargalhada. Discordância de tal maneira fresca, sadia, prometedora, que a rapariga ganhou ânimo. Pôs os olhos em si, na força criadora das margaridas abonadas, no ar de coisa sã que toda ela ressumava, e sorriu. Depois, confiante, juntou a sua alegria à alegria do melro. Soltou então também uma risada cristalina, que partiu da verdura do milhão, passou pelas penas luzidias de Farrusco, e foi bater como um castigo no ouvido desafinado do cuco. Um segundo a natureza esteve suspensa daquela gargalhada. A vida homenageava a vida. Depois continuou tudo a cantar.
- O estafermo do cuco, tia Isaura! Até um melro se riu!...
-Riem-se de tudo, esses diabos...
Mas o lusco-fusco começava a empoeirar o céu, e Farrusco ia fechando docemente os olhos, deitado na cama dura. A vida que lhe ensinara a mãe, simples, honesta, espartana, não lhe consentia luxos de noitadas. Pela manhã, ainda o sol vinha lá para Galegos, já ele tinha de estar de perna à vela, pronto para comer a bicharada da veiga, e rir de novo, se alguma tola de Vilar de Celas se fiasse outra vez no aldrabão do cuco."
Miguel Torga, “Os Bichos”, 1940
quinta-feira, 26 de março de 2009
Catcher in the Rye
O grande sucesso JD Salinger Catcher in the Rye é o seu único romance publicado.
Tal como Mark Twain's Huckleberry Finn, Catcher poderia ser descrito como um verdadeiro americano: um romance picaresco que ilustra o desenvolvimento moral e as atitudes do seu não conformista protagonista.
É um lembrete permanente da doçura da infância, a hipocrisia do mundo adulto.
Este foi um livro que se tornou o fruto proibido no jardim da literatura.
Um livro que marcou a minha adolescência.
Ainda hoje me lembro de dicionário de inglês – Inglês, para decifrar termos mais difíceis e melhorar o meu vocabulário inglês, na altura.
Podem ler aqui no blog da Miss Slim.
quarta-feira, 25 de março de 2009
O caçador de pipas
"Esta é uma daquelas histórias inesquecíveis, que permanecem na nossa memória por anos a fio. Todos os grandes temas da literatura e da vida são o material com que é tecido este romance extraordinário: amor, honra, culpa, medo, redenção.
Cá fica um excerto:
" - Estamos perdendo tempo. Não viu que a pipa está indo para o outro lado?
“O Caçador de Pipas” conta a história de dois garotos, Amir e Hassan, que têm uma ligação muito forte e que por acontecimentos e omissões, eles acabam separados. Amir e Hassan cresceram juntos apesar de pertencerem a classes e etnias diferentes no Afeganistão.
Com a sensibilidade do autor, podemos afirmar que sempre tudo o que é provocado por nós, volta – Lei do retorno, karma, etc... como lhe queiram chamar.
Podem ler aqui no blog da Miss Slim.
terça-feira, 24 de março de 2009
The Nanny Diaries
Podem ler aqui no blog da Miss Slim.
segunda-feira, 23 de março de 2009
Flores da China
Wei-Wei é uma das mais importantes vozes literárias da China, o seu primeiro romance, A Cor da Felicidade (escrito em francês) está também publicado pela Editorial Noticias.
Vive actualmente em Inglaterra, depois de ter estudado em França, no entanto é muito pouco conhecida na Europa infelizmente.
“... o dragão passa-te a uns centímetros da cabeça, roçando os teus cabelos com a sua longa cauda.
domingo, 22 de março de 2009
Sul
Ao longo das 230 páginas do livro podemos viajar sem sair de casa: São Tomé e Princípe, Brasil (Amazónia e Nordeste), Egipto, Índia (Goa), Cabo Verde, Costa do Marfim, França (Guadalupe), África do Sul (Kruger), Argélia (Sahara), Marrocos (Marraquexe), Espanha (Alhambra), Tunísia, Itália (Veneza) e também Portugal.Todos os capítulos são interessantes, mas aquele com o qual me ri mesmo a valer foi logo o primeiro o da viagem à Amazónia.
A descrição do escritor da aventura no voo da Junqueira Airlines sob uma tempestade medonha, sendo tripulado pelo Junqueirão que estava com uma conjuntivite e pilotava só com um olho aberto, levando ainda à boleia uma índia doente que carregava debaixo do braço um macaco assado para a viagem é absolutamente hilariante, embora para ele tenha sido um verdadeiro pesadelo.
Já parece algumas das viagens que já fiz e faço e que davam um verdadeiro romance. É um dos meus verdadeiros prazeres e maiores vícios é mesmo Viajar.
Podem ler aqui no blog da Miss Slim.
sábado, 21 de março de 2009
Tattoo
Este livro foi-me dado por um amigo que tem o corpo todo tatuado, mas todo mesmo, no intuito de me convencer a fazer uma tatuagem, pois devo dizer que não conseguiu os seus intentos.
Cá fica uma passagem que eu gosto particularmente:
" Começam nas maças do rosto e vão descendo, cobrindo cada centímetro do meu corpo - lábios, língua, garganta, seios, ancas, coxas, até mesmo a sola dos pés. Apesar de não terem sido realmente feitas por mim (como poderia? A dor deixa-nos Insensíveis ) ... eu sou mais do que responsável, sou culpada. "
Podem ler aqui no blog da Miss Slim
sexta-feira, 20 de março de 2009
Memória de minhas putas tristes
A escrita incomparável de Gabriel García Márquez num romance que é ao mesmo tempo uma reflexão sobre a velhice e a celebração das alegrias da paixão.
No entanto é recompensador, ao fim do livro, perceber que o narrador vai ficando cada vez mais leve ao sentir que não vai morrer ao entrar no seu 91º ano de vida e que está disposto a viver com plenitude e sabor os seus cem anos de solidão.
Esse livro quando saiu foi uma confusão por causa do título, que muito pouco tem a ver com o conteúdo do mesmo, "Memória de minhas Putas tristes", é um romance muito sensível para um título tão pesado, talvez seja exactamente aí que se encontra o contra ponto.
"No ano dos meus noventa anos quis oferecer a mim mesmo uma noite de amor louco com uma adolescente virgem."
"Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prémio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem de minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reacção contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do Zodíaco."
Excertos - Memórias de Minhas Putas Tristes.
É assim que começa este magnífico livro do grande Gabriel García Márquez, autor do que considero o melhor livro que alguma vez li: Cem Anos de Solidão, que foi Prémio Nobel de Literatura em 1982.
Podem ler aqui no blog da Miss Slim.
quinta-feira, 19 de março de 2009
Concha Buika
E prontes, highly recomended…
E com uma singela homenagem a Chavela Vargas…
Tu cara y Chavela
Es una noche sosegada,
Limpia y pura.
Hay una luz traicionera
Manipulando las sombras.
O tu cara o ninguna
Entre mis ojos y la luna.
Y al fondo canta Chavela,
Porque hoy Chavela canta
Y nosotros extasiados,
No nos decimos nada.
La musa siempre lloró cantando,
Los que a morir de amor fueron com miedo,
Lloran hoy com ella.
Yo, que hacia el desamor fluyo serena,
Me desvanezco
Tatuando deseos inconfesos
Sobre tu piel aceitunada,
Gracias, por este aplauso dice Chavela.
Gracias por darme tu nombre.
Tu abrazo sabe a más,
Cuando ella canta Las Ciudades.
quarta-feira, 18 de março de 2009
Segredos
Mel Wechsler, um talentoso produtor de televisão, quer transformar a série Manhattan num êxito estrondoso, e dispõe-se a reunir, para o efeito, um elenco fabuloso:
Sabina Quarles, uma estrela de cinema de Holliwood em decadência, que ambiciona readquirir o protagonismo e a segurança financeira a que estava habituada;
Jane Adams, uma actriz dedicada aos filhos, dominada por um marido abusivo e violento, que descobre que o seu papel em Manhattan lhe proporciona tudo o que mais lhe interessa;
Zack Taylor, o actor principal e modelo de profissionalismo, cuja simpatia, boa aparência e encanto próprio de um homem solteiro escondem um enigma;
Gabrielle Thornton-Smith, uma actriz bela, talentosa e à beira do sucesso aos vinte e cinco anos, que parece esconder algo;
Bill Warwick, um jovem actor em ascensão meteórica, que mentiu em relação ao seu passado, o que poderá pôr em risco a continuação da série quando tiver que enfrentar publicamente as consequências dos seus actos.
Conseguirá o elenco e a equipa técnica de Manhattan levar a série a ser o êxito televisivo que desejam enquanto lidam com as suas tragédias pessoais, novos amores e acontecimentos dramáticos?
Notas sobre a autora:
Danielle Steel nasceu en Nova Iorque a 14 de Agosto de 1947 e os seus livros estão entre os mais vendidos do mundo. Já vendeu mais de 560 milhões de cópias, traduzidos em 28 línguas e vendidos em 47 países, sendo que 22 das suas obras foram adaptadas para televisão.
Viveu grande parte da sua infãncia em França, tendo retornado aos Estados Unidos para completar a sua formação.
Foi casada por cinco vezes e é mãe de 9 filhos. Já viveu períodos de grande agitação sentimental, entre eles o suicídio do seu filho Nick, aos 19 anos, após lhe ter sido diagnosticado uma doença mental (sobre isso publicou o livro "O Meu Filho Nick".
segunda-feira, 16 de março de 2009
O Tigre Branco
Respondi afirmativamente e aguardei novas indicações. Entretanto, falei com a Cláudia M. para decidir quem leria o livro. Acabei por lê-lo eu. Recebi-o, faz hoje uma semana, e já o li!
Este é o romance de estreia de Aravind Adiga, nascido na Índia mas criado na Austrália e nos Estados Unidos. Só tendo algum conhecimento acerca do país, da sociedade, das pessoas, se tem bases e alicerces para escrever um livro tão transparente, revelador e envolvente.
Um livro que, no fundo, é carregado de seriedade mas cuja linguagem irónica e bem humorada o transformam num romance distinto.
Não me coíbo de dizer que "O Tigre Branco" daria um grande filme! Sem dúvida, mereceu o Man Booker Prize.
O livro baseia-se na escrita de cartas de um pobre criado indiano ao Primeiro-Ministro chinês. Nelas, ele conta o seu percurso desde a infância até aos dias de hoje.
Fá-lo com toda a naturalidade do mundo, na esperança de explicar que a Índia é mais e, muitas vezes, menos do que aquilo que julgamos.
À medida que fui lendo fui anotando passagens que achei interessantes. Deixo aqui algumas, uma das quais faz alusão ao título do livro mas não revelo tudo:
«(...) A Índia é formada por dois países num só: uma Índia da luz, e uma Índia da Escuridão.»
«Sr. Jiabao, eu aconselho-o a não mergulhar no Ganges, a menos que queira ficar com a boca cheia de fezes, de palha, de bocados encharcados de cadáveres humanos, de carne putrefacta de búfalo, para além de sete tipos diferentes de ácidos industriais.»
«O inspector apontou-me directamente a bengala. - Tu, jovem, és um fulano inteligente, honesto e vivaz entre este magote de rufias e imbecis. Em qualquer selva, qual é o animal mais raro... a criatura que só aparece uma única vez em cada geração?»
«Resumindo - nos bons velhos tempos, havia mil castas e destinos na Índia. Hoje em dia, existem apenas duas castas: Homens de Barriga Grande e Homens de Barriga Pequena.
«Era verdade, ela fazia mesmo lembrar uma actriz que eu vira algures. Como a actriz se chamava é que não fazia ideia. Foi só quando fui para Bangalore e aprendi a aceder à Internet (em apenas duas rápidas sessões, note-se bem!) que encontrei a fotografia e o nome dela no Google.
Kim Basinger.»
«Os sonhos dos ricos e os sonhos dos pobres - nunca coincidem, pois não?
«- Balram, põe a música do Sting outra vez a tocar. É a música que melhor se adequa aos engarrafamentos.»
Há uma passagem que descreve muito bem o percurso deste livro:
Este é o primeiro livro que pertence a todos os sócios da Academia.
Espero que, um dia, possamos todos assiná-lo!
sexta-feira, 13 de março de 2009
Quem quer ser bilionário
Um livro excelente! Agora só me falta ir ver o filme!
Um conselho: façam sempre o bem sem olhar a quem! (quando lerem o livro vão entender porquê!)
Podem ler aqui no blog da Saltapocinhas.
quinta-feira, 12 de março de 2009
O Doutor Jivago
Estudou filosofia, mas renunciou ao trabalho nessa área (como antes renunciara à música) para se dedicar à poesia. Publicou os primeiros versos em 1913, mas é na prosa que se destaca. A síntese da sua obra, segundo o próprio, é Doutor Jivago (1945/56). Proibido na URSS, por ser considerado “não-revolucionário”, o romance foi publicado em Itália em 1957 e traduzido para as principais línguas depois de o autor, precursor de toda a dissidência, ser Nobel no ano seguinte (prémio que declinou por não poder sair da URSS).
“Quem é Iura Jivago? Um homem dividido entre duas mulheres? Um poeta? Um burguês que não se adapta a uma revolução inevitável? O drama do Dr. Jivago reside, somente, na atracção por Lara Guicharova e na infinita ternura por Tonia, sua mulher? Ou terá um alcance mais vasto?”
Acho que, respostas, só lendo esta masterpiece da literatura do século XX…
Já agora, parece-me que um tipo chamado David Lean fez um filme baseado no livro, por aí em 1965.
Podem ler aqui no blog do Cupido.
quarta-feira, 11 de março de 2009
Catarina de Bragança
O livro começa por contar a infância simples e despreocupada de Catarina e de seus irmãos no Palácio de Vila Viçosa. Na altura eram apenas herdeiros do Duque de Bragança, não sonhavam que um dia o seu pai iria ser rei e eles infantes de Portugal. Nessa época o país tinha caído sob o domínio de Castela, sendo Filipe IV de Castela também Filipe III de Portugal. Quando Catarina tinha 3 anos o seu pai tornou-se rei de uma nova dinastia de reis portugueses e toda a família se mudou para o Paço da Ribeira, em Lisboa.
Paço da Ribeira, Lisboa, Séc. XVII
O período da Restauração, com todas as suas dificuldades e as intrigas típicas de qualquer corte transformaram a vida de toda a família, principalmente a de D. JoãoIV e D. Luisa de Gusmão que enfrentaram as maiores dificuldades para vencer a guerra contra Castela. Mas também Catarina viu a sua vida completamente alterada e tocada muitas vezes pela tragédia. Foi aqui que perdeu os seus dois irmãos mais velhos, Teodósio, o herdeiro do trono, e Joana, a sua confidente. Foi aqui que lhe disseram, que com a morte de sua irmã, lhe caberia a ela a tarefa de fazer um casamento útil ao esforço de guerra. Foi também aqui que começou a formar o seu carácter com a influência positiva de Padre António Vieira e de seus pais. Poderíamos dizer que Catarina herdou o melhor de cada um dos seus pais: o carácter forte da mãe e o feitio doce do pai.
Em resumo, achei a obra muito interessante, muito rigorosa em termos históricos e muito agradável de ler. A autora, luso-britânica, mostra com subtileza as diferenças culturais existentes na época entre os dois países, e o peso gigantesco da religião na sociedade da época. Leiam. Uma lição de história nunca fez mal a ninguém. Ficamos sempre a perceber um pouco melhor o presente, quanto conhecemos bem o passado.
Podem ler aqui no blog da Isabel.
terça-feira, 10 de março de 2009
O Sétimo Selo
Foca também, e de uma maneira muito realista (se calhar até demais), embora não seja esse o assunto principal do livro, os problemas dos velhos e da velhice.
Gostei imenso do livro (só não gostei muito dos diálogos...), por isso o recomendo.
Um livro a não perder!
Podem ler aqui no blog da Saltapocinhas.
terça-feira, 3 de março de 2009
Irei cuspir-vos nos túmulos
O Engenheiro Vian publicou esta obra sob o pseudónimo de Vernon Sullivan. É um dos livros mais fantásticos/perturbantes que já li…
“Ela contorcia-se como um verme. Nunca me passaria pela cabeça que lhe custasse tanto a morrer; fez um movimento tão violento que eu julguei que o meu antebraço ia desprender-se; dei-me conta de que se apossava de mim uma tamanha cólera que de boa vontade a esfolaria; então, ergui-me para acabar com ela a pontapé, e apoiei todo o meu peso em cima dela, colocando-lhe um sapato de través na garganta. Quando ela deixou de bulir, senti de novo a sensação que pouco antes me assediara.”
Depois desta descrição:
“E havia-se perfumado com uma droga complicada, decerto muito cara; provavelmente um perfume francês. Tinha cabelo castanho todo puxado para um só lado da cabeça e olhos amarelos de gato selvagem num rosto triangular bastante pálido; e cá um destes corpos… Prefiro não pensar nele. O vestido aguentava-se sozinho, não sei como, nem nos ombros nem à roda do pescoço, nada, excepto os seus seios”.
Podem ler aqui no blog do Cupido.