quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O fim da inocência

Este livro que acabei de ler chocou-me, não só pela sua linguagem "crua", como pelo facto de nós, pais, pensarmos que conhecemos bem os nossos filhos e acharmos que sabemos sempre tudo o que eles fazem... nem sempre é assim.
Um livro muito realista e uma história verídica de uma realidade que muitas vezes temos mesmo ao nosso lado (esperando que nunca a tenhamos dentro das nossas casas) que nos alerta para os perigos a que a juventude hoje em dia está exposta. Sem dúvida que deveria ser lida por todos os pais e/ou educadores.

Aos olhos do mundo, Inês é a menina perfeita. Frequenta um dos melhores colégios nos arredores de Lisboa e relaciona-se com filhos de embaixadores e presidentes de grandes empresas. Por detrás das aparências, a realidade é outra, e bem distinta. Inês e os seus amigos são consumidores regulares de drogas, participam em arriscados jogos sexuais e utilizam desregradamente a internet, transformando as suas vidas numa espiral marcada pelo descontrolo físico e emocional.
Francisco Salgueiro dá voz à história real e chocante de uma adolescente portuguesa, contada na primeira pessoa. Um aviso para os pais estarem mais atentos ao que se passa nas suas casas.
Uma confissãoque não vai deixar ninguém indiferente.
Terá coragem de ler?

Podem ler aqui no blog da Risonha.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Um Natal que não esquecemos

Comprei este livro na passada segunda-feira, na feira do livro que decorria na biblioteca da escola que a minha filha frequenta, pela módica quantia de 8€. Fico sempre desconfiada quando encontro livros baratos, acho que devem ter o preço baixo por serem obras sem interesse.
Mas ainda bem que o que eu penso nem sempre corresponde à realidade: a história é boa e carregada de emoção e leva-nos a reflectir sobre a forma como encaramos a morte.

Da mesma autora de Profundo como o Mar, um romance que deu origem à obra cinematográfica com o mesmo nome, esta narrativa tem uma intensidade humana que por todos os motivos a torna uma leitura de eleição. Com aquela capacidade de empatia com as suas personagens que lhe é peculiar, Jacquelyn Mitchard conta-nos a história de uma família vulgar, pessoas ligadas por laços de amor que, numa simples noite, são afectadas por acontecimentos que inteiramente as ultrapassam, fazendo delas, no espaço de poucas horas, seres que não existiam até então.
Na antevéspera de Natal, Laura e Elliot comemoram mais um aniversário de casamento particularmente feliz, com um jantar romântico. No regresso a casa, o carro sofre uma avaria num túnel de Boston e, enquanto aguardam que os tirem dali, Laura é acometida por uma estranha dor de cabeça...
O que se segue poderia ser melodramático, não fora o estilo da autora, capaz de captar até momentos de inesperado humor. Talvez por dominar assim todos os recursos que põe ao serviço da sua narração, esta história se encontre imbuída de um espírito tão próximo do brilho irisado das paisagens natalícias.

Podem ler aqui no blog da Risonha.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O Sedutor

Ora digam lá se nestes dias de frio o que apetece não é mesmo estar no quentinho, com uma chávena de chá e na companhia de um bom livro? Acho que para quem goste de ler (e de chá... já agora... eh eh eh) é dos melhores programas que há para as tardes de Inverno.
Outro livro de Danielle Steel que acabei de ler. Esta é a autora que preenche grande parte de uma das minhas estantes, tenho mais de 40 livros da sua autoria (sem contar com 3 que ainda estão embalados à espera de serem lidos).
Já vos falei de várias obras dela aqui, aqui, aqui e aqui e de certeza que ao longo dos tempos ainda vos irei mostrar mais algumas.
Este livro, no início, estava a parecer-me um bocadinho "lamechas", mas às páginas tantas revelou-se uma história muito interessante e teve um final surpreendente, que me fez acabar de ler e exclamar para mim própria "olha, quem diria que isto ia acabar assim?".

"Ter casado com Blake revelou-se uma maravilhosa aventura para Maxine: era rico, brilhante, carismático e absolutamente imprevisível. O seu único senão era a sua busca incessante por divertimento, que o mantinha constantemente afastado da família. Após cinco anos de casamento, o divórcio leva ambos a dedicarem-se àquilo de que mais gostam: ele viaja pelo mundo, seduzindo mulheres jovens, belas e famosas; ela cria os filhos em Manhattan e exerce o seu trabalho de psiquiatria com crianças e adolescentes.
Depois tudo muda...
Maxine apaixona-se por um homem que é o oposto do ex-marido: tem maturidade, é sólido e está sempre presente; e Blake muda de atitude perante a vida ao presenciar a tragédia de centenas de crianças orfãs que ficaram sem tecto após um terramoto.
A nova prespectiva da vida leva Blake a procurar Maxine, não só porque a deseja de novo, como pretende que ela o ajude num projecto humanitarista. Ela vacila perante a súbita transformação do ex-marido; porém Maxine sabe que Blake é um homem capaz de muita coisa... excepto de mudar!".

Podem ler aqui no blog da Risonha.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Danças & Contradanças


As sarcásticas histórias de 'Danças & Contradanças' podem ser resumidas em duas palavras - malévolas e maliciosas. Como em muitos dos seus romances, Joanne Harris consegue combinar situações e personagens comuns - e até banais - com o extraordinário e o inesperado. Mais do que nunca, a autora dá largas à sua imaginação e apresenta-nos uma exuberante e prodigiosa caixa de Pandora que contém tudo quanto é extravagante, estranho, misterioso e perverso. De bruxas suburbanas a velhinhas provocadoras, monstros envelhecidos, vencedores da lotaria suicidas, lobisomens, mulheres-golfinho e fabricantes de adereços eróticos, estas são vinte e duas histórias onde o fantástico anda de mãos dadas com o mundano, o amargo com o doce, e onde o belo, o grotesco, o sedutor e o perturbador estão sempre a um passo de distância. 'Danças & Contradanças' é o primeiro livro de contos de Joanne Harris.

Deixo-vos uma parte de um dos contos... hilariante:


Fé e Esperança vão às compras


Há quatro anos, a minha avó foi internada num lar de idosos
em Barnsley. Antes de ela morrer ia lá muitas vezes e essas
visitas estiveram na origem de muitas histórias. Esta é uma
delas.


Hoje é segunda-feira, pelo que lá deve vir outra vez o
arroz-doce. Não é tanto o facto de se preocuparem com os
nossos dentes, aqui em Meadowbank House, mas a habitual
falta de imaginação. Como eu dizia a Claire no outro
dia, há uma infinidade de coisas que podemos comer sem
termos de mastigar. Ostras. Foie gras. Abacate com molho
vinaigrette. Morangos com natas. Leite-creme com baunilha
e noz-moscada. Porquê então esta insistência nos pudins
moles e na carne pastosa? Claire – uma loura mal-humorada,
sempre a mascar pastilha elástica – ficou a olhar para
mim como se eu tivesse enlouquecido. Na opinião delas, os
pratos extravagantes desarranjam o estômago e Deus nos
livre de estimular em demasia as papilas gustativas que nos
restam. Vi Hope arreganhar um sorriso ao meter na boca
a última garfada de torta e percebi que tinha ouvido o que
eu disse. Hope pode ser cega mas não é nenhuma pateta.
Faith e Hope. Fé e Esperança. Com uns nomes como os
nossos, podíamos ser irmãs. (...)

Foi assim que ocupei os meus tempos livres do passado fim de semana, entre os contos fantásticos da Joanne Harris, repletos de imaginação!

Podem ler aqui no blog da Cenourita.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Poemas de Victor Hugo


Nos dias mais cinzentos e frios deste Outono, um chá a fumegar, um biscoito e um livro com alguns poemas de Victor Hugo. É a sugestão que vos deixo!

Fábula ou História.

Um dia, magro e sentindo um real desfastio,
Um macaco com a pele de um tigre se vestiu.
O tigre fora malvado, ele tornou-se atroz
Ele tinha assumido o direito de ser feroz.
Arreganhava os dentes, gritando: eu serei
O herói dos matagais, da noite o temível rei!
Como malfeitor dos bosques, emboscado nos espinhos,
De horror, morte e rapinas, escureceu os caminhos,
Degolou os viajantes e devastou a floresta,
Fez tudo o que faz aquela pele funesta.
Vivia no seu antro, no meio da voragem.
Todos, vendo-lhe a pele, criam na personagem.
Gritava e rugia como as feras danadas:
Olhem, a minha caverna está cheia de ossadas;
Olhem para mim, sou um tigre! Tudo treme,
Diante de mim, tudo recua e emigra; tudo freme!
Temiam-no os animais, fugindo com grandes passos.
Um domador apareceu e tomando-o nos braços,
Rasgou-lhe a pele, como se rasga um farrapo,
E, pondo a nu o herói, disse: Não passas de um macaco!

Jersey, Setembro de 1852


As minhas duas filhas

No fresco claro-escuro da bela tarde que tomba,
Uma me lembra um cisne, e a outra uma pomba,
Muito belas, muito alegres, ó suavidade!
Vede, a irmã mais velha e a de menos idade
Sentadas junto ao jardim; e para as duas olhando,
Um ramo de cravos brancos, com os caules pousando
Num vaso de mármore, agitado pelo vento,
Sobre elas se inclina, imóvel e atento,
E tremendo na sombra, parece, assim curvado,
Um voo de borboletas em êxtase parado.

La terrasse, perto de Enghien, Junho de 1842


Unidade

Por cima do horizonte de colinas sem cor,
O sol, essa flor de infinito esplendor,
Se inclinava sobre a terra à hora do poente;
Uma humilde margarida, no campo florescente,
Sobre um muro cinzento, entre a aveia a vibrar,
Branca, sua cândida auréola faz desabrochar;
E a pequenina flor, sobre o seu velho muro,
Fixamente olhava, no eterno azul tão puro,
O grande astro que a luz imortal envia.
- E eu, eu também tenho raios! - lhe dizia.

Granville, Julho de 1836



In Poemas, Selecção e tradução de Manuela Parreira da Silva da Assírio & Alvim