domingo, 13 de junho de 2010

O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá

Poderia acontecer um amor assim? De um gato por uma andorinha?
Jorge Amado escreveu esta história de amor para o seu filho João Jorge, em 1948, quando este completou um ano de idade. A história perdeu-se, e só foi editada em 1978, depois do seu filho a ter recuperado e ter levado a Carybé para a ilustrar.

Foi-me oferecido já eu era adulta, li com um sorriso no rosto e com lágrimas nos olhos. As histórias de amor podem doer, muitas vezes doem. Nada é perfeito, nem o amor nem as histórias de amor! Mas nada na vida é impossível, e o amor rompe muitas vezes a barreira do improvável e do impossível. Esta história de amor não é um conto de fadas e isso é que a torna ainda mais significativa. Fiquem a saber que pode mesmo morrer-se de amor!

Muitos sabem do meu amor aos animais, muitos sabem o sofrimento que se leva na alma quando eles estão doentes ou partem da nossa companhia. Este livro dedico-o ao Matias, gato que também é malhado, o meu companheiro de todos os dias, por me fazer sorrir, por me mostrar todos os dias que a saúde é mais importante que tudo o resto, e que os animais podem ser muito melhores que as pessoas, até nas histórias de amor conseguem ser mais fiéis. E isto não é amargura, é amor incondicional :)

Começa assim:

"O mundo só vai prestar
Para nele se viver
No dia em que a gente ver
Um gato maltês casar
Com uma alegre andorinha
Saindo os dois a voar
O noivo e sua noivinha
Dom gato e dona Andorinha."

Não vou contar a história de amor, seria um crime fazê-lo. Merece ser lida, é um livro pequeno, barato e, sem as ilustrações de Carybé, não tem metade da graça :) Se puderem, leiam e saboreiem esta história de amor.
Da primeira vez que o li, sublinhei algumas frases que deixo aqui:

"Obrigada a acordar cedíssimo para apagar as estrelas que a Noite acende com medo do escuro. A Noite é uma apavorada, tem horror às trevas."

"No ramo de uma árvore a Andorinha Sinhá fitava o Gato Malhado e sorria-lhe. Somente ela não havia fugido. (...) Em torno era a Primavera, sonho de um poeta."

"Ela ria para todos, com todos se dando, não amava nenhum."

"É que o amor está no coração das criaturas, adormecido, e um dia qualquer ele desperta, com a chegada da Primavera ou mesmo no rigor do Inverno."

" (...) temos olhos de ver e olhos de não ver, depende do estado do coração de cada um."

"É sempre rápido o tempo da felicidade. O Tempo é um ser difícil. Quando queremos que ele se prolongue, seja demorado e lento, ele foge às pressas, nem se sente o correr das horas. Quando queremos que ele voe mais depressa que o pensamento, porque sofremos, porque vivemos um tempo mau, ele escoa moroso, longo é o desfilar das horas."

"A poesia não está somente nos versos, por vezes ela está no coração, e é tamanha, a ponto de não caber nas palavras."

Jorge Amado, O gato Malhado e a Andorinha Sinhá - uma história de amor.

Podem ler aqui no blog dos Só Possuídos.

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